“Quando está escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há uma luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar
Eu estou na Lanterna dos Afogados
Eu estou te esperando
Vê se não vai demorar” (Lanterna dos Afogados, Herbert Lemos De Souza Vianna)
Quando tudo está escuro é fácil se perder. Não há pontos de referÊncia. Não há indicações de caminho. Quer dizer, até existem, mas não é possível vê-las.
De todas as vezes em que eu ou você estivemos perdidos nas sombras, mesmo que uma voz ao longe chamasse, parecia irreal. Aquele aviso de que tudo vai melhorar, ou até aquele sorriso que diz “estou aqui” pareciam vazios. E isso porquê? Por nossa química cerebral não nos permitir mudar de estado e perceber o que realmente estava ao nosso redor.
Todos os aspectos depressivos ou de ansiedade, nos retiram do tempo presente, e dificultam nossa percepção da realidade. Muitas vezes, tempos depois, vamos perceber que aquele período poderia ter sido muito mais leve se nos desse conta de um ou outro ponto que conhecemos lá fora.
A parte mais difícil desse processo é confiar na “luz no túnel” e saber que ela chega em um espaço seguro. É difícil confiar nos próprios instintos quando estamos machucados, mas é preciso.
Há um ponto em que iremos perceber que a mudança depende do nosso movimento, que mesmo no escuro precisamos buscar uma saída. Que mesmo sem esperança precisamos ter fé. Que mesmo sem amor, precisamos nos amar. Nesse ponto começamos a nos reequilibrar. Encontramos uma força que nem sabíamos que existia, forçamos os olhos para que se adaptem. Dói. Reencontrar a luz dói. Depois de um tempo até parece algo belo, mas o processo é doloroso.
No escuro, achamos sempre que estamos sozinhos, e que qualquer ruído, ou sombra maior é uma ameaça. Tem vezes que encontramos falsos caminhos e nos desiludimos ainda mais. Só que o movimento nos faz perceber que podemos nos movimentar nas sombras, e com o tempo elas parecem não mais fazer sentido.
Para sairmos de uma situação de escuridão da alma é preciso tempo, confiança e fé. São elementos necessários a serem construídos. Pouco a pouco, dia a dia, um de cada vez, em pequenos passos. Quando nos tornamos ansiosos, é difícil seguir esse caminho. Só que na dor aprendemos que há muito mais pessoas nos estendendo a mão do que imaginamos, só precisamos acalmar o coração, desacelerar a respiração para que os olhos se ajustem ao intenso brilho que encontramos nos anjos do caminho.