“Esse é nosso jeito” “A gente faz assim mesmo” e podemos aumentar a lista de desculpites que se dá para atos nada carinhosos nos relacionamentos. Acontece que carinho não é agressividade. E agressividade não é medida pelo agressor, e sim por quem é alvo dela.
Por isso é tão difícil compreender que tipo de ato faz mal ao outro. E também nessa confusão muitas vezes dica difícil expressar que aquilo que vemos que teve a intencionalidade de uma “brincadeira” ou um “amor torto” nos fez mal.
Encontrar um balanço entre a expressão da nossa animalidade agressiva e nossa necessidade de contato afetivo é bastante importante. Precisamos aprender para isso a escutar o outro. E escutar não é apenas ouvir, é observar, é analisar, é estar atento.
É preciso uma escuta educada e civilizada para compreender a diferença entre estes dois aspectos, que por vezes serão limítrofes. Pode ser que você esteja lendo minhas palavras com estranheza e nunca tenha relacionado os aspectos de carinho e agressividade, mas é bem provável que já tenha sido vítima de uma brincadeira bem intencionada que lhe deixou desconfortável.
O aspecto, tanto do carinho, quando da agressividade, terá elementos físicos (contato) e também visuais e verbais. Uma palavra dita pode ser encarada das duas formas. Uma forma de olhar poderá ser encarada das duas formas.
Em via de regra, o problema de termos dificuldades com estes aspectos é que permanecemos instintivos e animalizados em boa parte de nossos comportamentos, e carregamos as impressões que comportamentos anteriores e nossas crenças de mundo nos dão. Se você sabe quem alguém te ama, pode ser que confunda agressão com carinho, principalmente quando pensa na intencionalidade da pessoa. Só que o fator importante é a consequência e o ato, e não só sua “dita intencionalidade”.
Alguém que te pune com a justificativa de que te ama, está se valendo das suas crenças para poder ser agressivo. E isso é diferente do processo de educação, e o que diferencia são os limites, os direitos e as realidades em que acontecem, logo as consequências.