Você já deve ter visto alguém que pelo comportamento te lembrava uma conhecida(o). Deve ter desejado encontrar na vida alguém com determinadas características e conversando com uma amiga(o) ou outra(o) descobriu que a lista de qualidades dessa pessoa era semelhantes. Se não, já deve ter visto filmes em que mocinhos e bandidos tem sempre comportamentos semelhantes, mesmo que a história seja outra. Pois bem, você estava entrando em contato com os arquétipos.
O próprio tarot é desenhado em cima de arquétipos. Nessa ideia imaginária dos "tipos" de pessoas que existem. Alguns teórios, e psicanalistas como Jung, irão dizer que temos esses arquétipos dentro de nós, e irão além, dizendo que essas imagens além de existirem dentro de nós, existem no que chama de inconsciente coletivo. Ou ainda no que Platão apresentava como o mundo das idéias, o mundo dos arquétipos, onde as coisas existem verdadeiramente, e que este mundo é apenas uma cópia.
Pois bem, na interação com o mundo vamos construindo esses arquétipos dentro de nós. Alguns servem como molas impulsionadoras, outros como algozes, e vão se alternando na nossa existência. Cada um deles terá um gatilho de saída diferente. Um momento em que assumem o comando e passam a exercer poder sobre a nossa consciência de forma mais ou menos completa.
Por exemplo, temos a ideia projeta (arquetípica) de como deveria se comportar um pai ou uma mãe, quando assumimos o arquétipo de filho, e temos essa ideia em nossa mente, sofremos se nossos pais não são como o arquétipo projetado, e não nos permitem viver o arquétipo de filho que imaginamos. O mesmo acontece em nossos empregos, relacionamentos amorosos, de amizade, religiosos, etc.
Vivemos muito tempo na expectativa de confirmação dos nossos arquétipos internos e sofremos com isso, e fazemos os outros sofrerem, pois muitas vezes tentamos enquadrá-los em arquétipos específicos por sua aparência, ou forma de falar, ou cor de pele, ou tom de cabelo, ou ainda por seu gênero. O bullyng é resultado de uma visão arquetípica distorcida, por exemplo.
Logo, a compreensão do que nos compõe, permite que possamos trazer a esses "personagens" internos o que precisam para seguir a sua jornada. Para que tenham amadurecimento e nos tragam mais amor do que dor. Compreender que somos múltiplos, e que os outros também são formados de múltiplos arquétipos encerra o recorte que damos a eles, e permite que exerçam seus papeis de forma mais real em nossas vidas. Por exemplo simples e próximo, o jovem de 25 anos pode ter o papel de Pai, o papel de funcionário, o papel de adolescente, e alternar esses arquétipos. Uma mulher de 35 pode ter o papel de namorada, de empresária, de bailarina, e alternar esses arquétipos.
Limitar qualquer pessoa a uma faceta apenas, é, e sempre será, limitante. É preciso nos permitir complexificar a nós mesmos, e ver que os outros também são complexos.